sábado, 13 de março de 2010

Viver para fora



Como alcançar paz interior sem nos conhecermos a nós próprios?…
Saberemos nós quem realmente somos?
Ou vivemos na ilusão dos comentários que fazem a nosso respeito?
Desde sempre há uma voz a dizer: “-Tu és bonito!”, “-Ele é inteligente!”, “-Tu nunca conseguirás!”, “-Ela é que teve sorte, conseguiu!”, …
Durante todos os dias da nossa vida, alguém pensa algo sobre nós.

E eu? Saberei eu quem sou? Posso ser muitas pessoas numa só…
Depende de onde estou, com quem estou…
Sozinha… Nem sempre me encontro…
Quando o coração olha muito para o que o rodeia, vai perdendo luz, a pouco e pouco …
Quando estamos sós, tentamos encontrar-nos, mas um desfiladeiro separa-nos de nós próprios.
Sem intenção, perdemos a consciência do nosso próprio, único e extraordinário ser.
E tentamos encontrá-lo, da pele para dentro… o nosso mundo... Pilhas de cartas de amor encarceradas no nosso peito.
Numa mesma masmorra ressentimentos antigos, puro amor, ambições, ódios e invejas, alegrias, mas sobretudo medo.
O desfiladeiro parece intransponível.

Mas se tivermos coragem de olhar novamente para nós, alheios de julgamentos ou juízos de valor, desvanece-se no tempo toda a imensidão que nos rodeia, e então talvez consigamos vislumbrar a bruma cinzenta e pesada que envolve o nosso coração.
Se vivermos para dentro de nós, por um minuto que seja, então, talvez a bruma se desvaneça…
Se sentirmos quem somos pelo mais breve instante na nossa vida, talvez algo no universo se altere...
Nesse dia, saberemos que somos parte de Deus...

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